Um século do nascimento de Stélio Boabaid

O ano era 1965, época em que as eleições municipais, para a escolha de prefeito e vereadores era bastante acirrada na cidade de Tubarão, que vivia um momento de mudanças e transformações. A eleição daquele ano seria a primeira com o país sob um regime militar e foi a que revelou o potencial político do médico Stélio Cascais Boabaid.

 

 



Tubarão, que já havia sido a terceira maior cidade de Santa Catarina, acabava de perder mais uma parte de seu território e munícipes, com as emancipações dos municípios de Treze de Maio, Armazém e Pedras Grandes, ocorridas em 1961. Mas, experimentava um período de crescimento e desenvolvimento, com a implantação de uma unidade do Exército, a abertura de um dos maiores educandários da região, o Colégio Galotti, o Lar da Menina, a Ponte Pênsil, o início da nova Catedral Diocesana e a criação do Instituto Municipal de Ensino Superior, o IMES, que foi a base para o desenvolvimento do ensino superior na cidade.

 

 



Mas, o ano de 1965 foi especialmente importante para Tubarão, pela inauguração da primeira unidade da Usina Jorge Lacerda, um empreendimento da Sociedade Termelétrica de Capivari, a SOTELCA, criada no final da década de 1950. Para a inauguração, no dia 3 de julho daquele ano, Tubarão recebeu a visita do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, presidente da República.

 

 



A cidade era administrada pelo cartorário Dilney Chaves Cabral, mais um político do PSD, partido que vinha mantendo certa hegemonia na administração municipal. A UDN, a força contrária, esperava uma vitória naquela eleição e junto com o Partido Democrata Cristão, lançou, ninguém menos, que o artista plástico e empresário Willy Zumblick, como candidato a prefeito. No outro lado o candidato veio do PTB, indicado pelo deputado Doutel de Andrade, com o apoio do PSD, que, por sua vez, esperava manter a hegemonia. Era um médico já bastante conhecido na cidade, dr. Stélio Cascais Boabaid.

 

 



A campanha foi acirrada, ambos os candidatos nunca tinham disputado cargo público e dr. Stélio, venceu o pleito, elegendo-se o 34º mandatário do município de Tubarão, para a 32ª gestão municipal, que foi de 31 de janeiro de 1966 a 30 de janeiro de 1970.

 

 


Stélio Cascais Boabaid nasceu em Rosário-MA, em 17 de setembro de 1922. Filho de Jorge Salomão Boabaid e de Adília Cascais Boabaid. Fez seus estudos primários em Rosário e os secundários no Liceu Maranhense, em São Luís, capital do estado do Maranhão. Cursou o Científico no Colégio Mallet Soares, no Rio de Janeiro-RJ. Formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, em 1952. Em 1953, veio para Tubarão a convite do Dr. Otto Feuerschuette, para atuar no hospital local. Aqui casou-se com Rosina Cargnin Boabaid, uma paciente de uma cirurgia de tireoide, com quem teve três filhos, Jorge, Alexandre e Débora. No período de 1955 a 1958 mudou-se para Araranguá, onde atuou como diretor do Hospital Bom Pastor. Retornando a Tubarão em 1958, trabalhou para a Caixa dos Ferroviários, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários (IAPC), e como diretor do Hospital Nossa Senhora da Conceição.

 

 



Em sua gestão à frente da prefeitura algumas ações se destacaram, como a retirada dos trilhos da Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina, que atravessava a área central da cidade de Tubarão, obra que permitiu a abertura de um dos principais eixos de expansão urbana da cidade, levando à descentralização e ao crescimento da atividade econômica. Teve grande participação e foi incentivador da criação da Fundação Educacional do Sul de Santa Catarina que, posteriormente, deu origem à Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Na área da educação, ainda construiu 12 escolas na cidade, incluindo a de Sertão dos Corrêa, pela qual tinha carinho especial.

 

 



Nesta época ainda não havia a figura do vice-prefeito e dr. Stélio foi substituído interinamente apenas uma vez, pelo presidente da Câmara, Esaú Anastácio Teixeira. A substituição ocorreu quando o titular viajou ao Rio de Janeiro, então capital da República, e durou 12 dias. Dr. Stélio foi sucedido no Paço municipal pelo prefeito Dilney Chaves Cabral, que o havia antecedido, e, que venceu as eleições de 1969.

 

 



Dr. Stélio voltou a ser candidato a prefeito na eleição ocorrida em 1972, disputando por uma das legendas do MDB, tendo como candidato a vice-prefeito o empresário Haroldo Fernandes. Mas, a eleição foi vencida por Irmoto Feuerschuette com Paulo Osny May, de vice.

 

 



Em 1974 Stélio foi eleito pelo MDB suplente do senador Evelásio Vieira, não chegando a substituir o titular. Foi deputado estadual por Santa Catarina, na 9ª legislatura da Assembleia Legislativa (1979/1983), elegendo-se com 17.916 votos; na 10ª legislatura (1983/1987), elegendo-se com 22.068 votos; e na 11ª legislatura (1987/1991), com 17.939 votos, sempre eleito pelo MDB. Como deputado estadual teve destacada atuação, sendo um dos poucos tubaronenses a presidir a Assembleia, o que fez entre 1985 e 1986.