Clineide: uma lição de vida e dedicação ao Magistério

Foi em 1º de agosto de 1975, que Clineide Maria da Silva pisou pela primeira vez em uma sala de aula, só que desta vez na condição de professora.

A jovem, natural de Pedras Grandes, estava concluindo o Magistério, quando recebeu o desafio de lecionar na escola de Linha Mesquita Alta. Iniciava assim a carreira de Clineide na prefeitura, na rede municipal de Educação.

Naquele momento, os tubaronenses ainda se recuperavam da terrível enchente que havia assolado a cidade, no ano anterior. O município se erguia e a necessidade de mão de obra especializada em várias áreas era eminente.

Clineide aproveitou uma dessas oportunidades e nunca mais largou a sala de aula. “Iniciei por uma necessidade, no entanto, fiquei pelo amor à profissão”, afirma.

Quarenta anos e seis meses, como ela faz questão de frisar, já se passaram, desde que a menina começou a lecionar. Quatro décadas depois, a jovem professora deu lugar à educadora experiente, que perdeu a conta de quantos alunos alfabetizou. “Já dei aula para filhos de meus alunos, e da mesma forma, uma ex-aluna deu aula para meu filho”, conta.

Clineide leciona, atualmente, para alunos do terceiro ano, da escola municipal Juscelino Kubitschek. “Cada aula tem sua particularidade, por isso, todos os dias é um novo desafio. Meu planejamento é feito diariamente, pois sempre há crianças com necessidades diferentes e eu tenho que planejar e me preparar para corresponder aos seus anseios”, atesta a professora.

Para a educadora, o aluno de hoje é mais questionador e isso tornar ainda maior o compromisso do professor. “Eles perguntam mais, são mais curiosos e isso deve ser encarado pelo professor como um estímulo, pois precisamos nos preparar para saciar essa vontade de conhecimento que eles têm. Acabamos evoluindo no mesmo ritmo deles”, assegura.
Mesmo com tantos anos de experiência, Clineide não perdeu o brilho no olhar, que fica cheio de lágrimas ao pensar na carreira que escolheu. “No final do dia, eu olho o caderno, vejo como eles estão se organizando e escrevendo bonito. Acompanhar essa evolução, ajudar cada um deles a se tornar cidadãos, é o que me deixa feliz, é um prazer imenso”, descreve a educadora com os olhos marejados.

Para ela, em contrapartida, a tristeza se manifesta quando percebe que o aprendizado não ocorre de forma integral. “Percebo que muitos alunos têm grande domínio sobre computador e celular, no entanto, não apresentam a mesma habilidade na hora de executar tarefas básicas, como fazer um traço, usar uma régua. Isso me preocupa”, constata a professora.

A falta de leitura é outro aspecto preocupante. “Os pais não incentivam essa prática e isso afeta todo o aprendizado do aluno”, lamenta Clineide.
Casada, mãe de dois filhos, prestes a completar 60 anos de idade, Clineide é hoje a professora com mais tempo de atuação em sala de aula, da rede municipal. Com muita experiência e vontade para aprender, ela nem pensa ainda em se aposentar. “Mesmo sabendo que o professor é pouco valorizado, com as dificuldades do sistema educacional brasileiro e salário baixo, ainda assim eu quero continuar, pois o prazer de estar em sala de aula e de saber que eles vão sair dali como cidadãos do bem, isso me dá um prazer imenso. Vou continuar ajudando a encaminhá-los, enquanto tiver forças”, assegura.

Energia é o que de fato não falta a essa mulher. Além das atividades em sala de aula e os compromissos com o lar e a família, Clineide, há dois anos, atua na área administrativa do Sindicato dos Trabalhadores na Área da Educação da Rede Municipal de Tubarão e Capivari de Baixo (SINTERMUT). “Foi um novo desafio que resolvi aceitar para me testar e está dando certo”, conta.

Nesta homenagem especial às mulheres, essa personagem representa as tantas outras profissionais do setor educacional, que não se deixam abater. Clineide enfatiza que tudo isso só é possível quando há amor e para as novas gerações de educadores ela deixa a lição: “Em primeiro lugar temos que amar o que fazemos, enfrentar os desafios de cabeça erguida e buscar ajuda dos demais quando nos depararmos com o desconhecido. Eu faço por amor e se não for por amor não acontece. Ainda hoje, tantos anos depois, sinto uma enorme felicidade de acordar e ir trabalhar. Sei que enquanto eu tiver esse sentimento de alegria e satisfação, vou fazer bem o meu trabalho e esquecer os problemas”, ensina.

Parabéns à Clineide por demonstrar tanto amor à área educacional. Temos certeza que tantas outras educadoras também engrandecem a profissão e por isso merecem nosso respeito e admiração, todos os dias.

Fonte: Decom/PMT