Seminário relembra 40 anos da enchente de 1974
A maior tragédia de Tubarão completa 40 anos nesta segunda-feira (24). Para relembrar os tristes fatos que marcaram a enchente de 1974, aconteceu nesta manhã, no auditório da Associação dos Municipios da Região de Laguna (Amurel), o 6º Seminário – 40 anos da Enchente de 74.
Diversas autoridades regionais estiveram presentes no evento, como o prefeito Olavio Falchetti, que abriu o ciclo de palestras que constavam no cronograma, e que tiveram como principal foco as medidas que estão sendo tomadas para que uma nova catástrofe deste porte não volte a acontecer. Também estiveram presentes homens da Força Nacional de Segurança, que se encontram em Tubarão para participar de um curso voltado para resgate em inundações, ministrado pelo Corpo de Bombeitos.
Com o tema “Memória, Prevenção e Reação Eficiente”, o seminário teve como primeiro palestrante o médico Irmoto Feuerschuette, prefeito de Tubarão em 1974. Em sua fala, o ex-mandatário municipal fez um histórico das enchentes que a Cidade Azul sofreu (1880, 1897, 1928), contextualizando assim a maior delas, ocorrida quatro décadas atrás. Irmoto fez questão de agradecer os funcionários da prefeitura da época, assim como os integrantes da 3ª Cia. do 63º Batalhão de Infantaria do Exército, a Força Aérea Brasileira, a Marinha (cujo caso do helicóptero que caiu atrás da Catedral foi relembrado), e ainda aos prefeitos da época de Joinville, Florianópolis e Criciúma, além do governo federal como um todo, pela ajuda que todos deram à população tubaronense. O ex-prefeito encerrou sua fala ressaltando a solidariedade das pessoas: “Não importava mais onde moravam, qual era sua posição social, sua religião, enfim, todos estavam irmanados no objetivo de se ajudar naquele momento tão difícil”, relembrou o ex-prefeito.
O ciclo de palestras teve sequencia com engenheiros da empresa vencedora da licitação para os trabalhos de redragagem do Rio Tubarão, entrando na parte de medidas de prevenção do seminário. A apresentação foi dividida em duas partes, com a primeira referindo-se ao projeto de manutenção, aprofundamento e recuperação da calha do Rio Tubarão. O trecho apresentado compreende o Centro de Tubarão à foz do rio, em Laguna (mar), com uma extensão de 29,7 km. Soma-se a este trecho ainda os 4,3 km referentes à barra da lagoa. Também foram apresentados nesta parte dados sobre materiais existentes no Rio Tubarão, assim como informações obtidas através de análise físico/química das águas do rio. Segundo a apresentação, esta parte dos trabalhos, chamada de metodológica executiva, encontra-se em fase de conclusão.
Já a segunda parte dos trabalhos mostrados pela empresa teve como foco os estudos ambientais necessários às obras de melhoramento fluvial do Rio Tubarão, assim como todo o impacto que estes trabalhos trarão ao ecossistema local. Este trabalho ainda está em fase de estudos.
Na sequencia das palestras, o engenheiro André Labanowski apresentou um quadro sobre as melhorias que a implantação de barragens em bacias hidrográficas de outras regiões do estado, como no meio oeste, trouxe benfeitorias com relação a enchentes ao município de Concórdia, que sofria com inundações constantes. Dados sobre a instalação de barragens em outras regiões do estado como Taió, Ituporanga e Itajaí também foram apresentados como forma de mostrar aos presentes que uma barragem na bacia do Rio Tubarão também poderia ser útil no intuito de prevenção a uma nova enchente.
Na sequencia, foi a vez do gerente regional da Cidasc, Claudemir dos Santos, que trouxe a importância de se preservar a Barra do Camacho aberta, e lembrou que somente a redragagem não é suficiente para se evitar uma nova enchente. Segundo ele, se faz necessária a realização de obras complementares, dentre as quais se inclui a barra do Camacho, assim como a construção de canais extravasores e de barragens, também citadas por Claudemir, entre outras medidas.
A última palestra do seminário foi do secretário de Proteção e Defesa Civil de Tubarão, Rafael Marques, que teve como enfoque a apresentação da atual estrutura de monitoramento do Rio Tubarão, tanto na Cidade Azul, quanto em Orleans e São Ludgero. Rafael explicou o funcionamento das estações, que realizam a medição a cada 1 ou 2 minutos. Esta medição, inclusive, estará disponível à população no novo site da prefeitura, que em breve estará no ar.
Os trabalhos que estão em andamento na Defesa Civil, como a sala de situação, que monitora em tempo real as condições climáticas da região. O secretário também ressaltou o plano de contingência do município, o qual foi mostrado através de mapas e esquemas gráficos. O plano ainda não foi aprovado, e vai à votação na Comissão de Defesa Civil.
No entanto, alguns pontos do plano já são seguidos, como por exemplo o banco de dados usado para basear as medidas de prevenção a serem tomadas quando necessário, como por exemplo, a emissão de alertas sobre o nível do rio, uma vez que já é sabido que ao chover 50 milímetros ou mais haverá alagamentos.
Da mesma forma, já se estabeleceu o chamado Grupo de Ações Coordenadas (GRAC), para respostas imediatas a necessidades da população em situações específicas.