Memória Esportiva #2: conheça a história das duas tubaronenses convocadas para a Seleção Brasileira de Basquete

Pergunte para um atleta o que significa as cores verde e amarelo. Entre as respostas, certamente você vai ouvir “Seleção Brasileira”. É unânime. Qualquer competidor deseja viver o sonho de representar o próprio país. Desde vestir o uniforme ou ainda, com os braços ao lado do corpo, perfilar na frente da bandeira e cantar o Hino Nacional Brasileiro. “Nunca esqueço a sensação. Era de arrepiar”, descreve Karla Heidemann, 39 anos, ex-atleta do basquetebol feminino de Tubarão. No auge da carreira esportiva, aos 16 anos, a atleta teve a honra, e o mérito, de ser a primeira tubaronense convocada para o compor o Time Brasil.

 

Uma lembrança única, impossível de ser esquecida pela jogadora, que lembra com detalhes o momento que recebeu a notícia. “Foi no meio de um treino. Minha treinadora chegou para contar. Foi uma sensação indescritível, não esperava mesmo. Fiquei muito feliz”, relembra, sorridente. Seu nome estava entre o elenco que representou o país no Campeonato Sul Americano Cadete, que ocorreu em São Paulo, em 1998. E Karla teve ainda mais motivos para comemorar. Depois de inúmeras jogadas, estratégias e cestas, o time chegou na grande final.

 

O pódio estava garantido, mas as jovens brasileiras não queriam menos do que o título da disputa jogando em casa. Assim se concretizou. Na rivalidade tradicional, venceram a equipe da Argentina, colocando no peito a medalha de ouro. “Muita emoção”, recorda Karla, que começou a carreira cedo, aos 9 anos. Quem descobriu o talento da ex-jogadora foi o treinador Antônio Luiz de Lima. “Um dia passou a Karlinha e a mãe dela por uma lanchonete e a convidei para ir na quadra. Ela apareceu para treinar. Sempre foi disciplinada e dedicada. Desenvolveu suas habilidades e veio a convocação, um símbolo de motivação e reconhecimento para nós”, destaca Antônio, conhecido como Pitti.

 

A segunda coroação

Poucos anos depois, outra tubaronense começou a se sobressair entre as demais atletas do basquete feminino. Graças a melhor amiga da escola (Gabriela Meurer Pereira), Carolina Volpato, 36 anos, conheceu a modalidade – e se apaixonou. Na época, uma adolescente de 15 anos, feliz por poder jogar, mal imaginava onde o esporte a levaria ou as pessoas que conheceria. Ela, tão inocente, tinha certeza que para chegar na seleção brasileira, “precisava ser fantástica”, diz. E, de fato, foi. Em 1999, a convocação bateu à porta, sem hora marcada – uma verdadeira surpresa. “Meu Deus! Sou eu mesmo? Tão novinha? Fiquei maravilhada”, relembra, Carol, que jogava como ala.

 

Ao todo foram 30 meninas escolhidas, das quais 16 ficaram. Mas, a experiência não durou muito. “Tive problemas com uma contusão antiga no joelho”, revela a jogadora, que tinha grandes chances de estar no grupo principal. Um ano depois outra grande chance: sair do país para estudar e jogar por um colégio americano. Lá foi a sonhadora, (e)levando a história esportiva tubaronense para outros cantos do mundo. Hoje, apesar de não praticar mais esporte, ela permanece conectado, como o coração que pulsa no embalo da emoção humana. “A mãe, a esposa e a profissional que me tornei foram moldados pelo basquete. Ele faz parte de mim”, afirma. Tanto é que até o marido está envolvido. O esposo, Guilherme Locatelli é árbitro e apita até em olimpíadas.

 

De atletas para mamães

Tanto Karla, como Carol se tornaram mamães. Karla é mãe de três filhos, enquanto Carol de um. Ambas se imaginam na arquibancada de basquete – ou qualquer outro esporte – vendo eles seguirem os passos da família. “Adoraria vê-los trilhando no caminho do esporte. Daria muita força pra que isso acontecesse”, ressalta Karla. O bebê de Carol também criou gosto pela bola de cor laranja. “Ela já amava, entende que é legal, alto astral. Vamos mostrar o que ser um atleta pode vir a transformar a vida dele”, afirma.

 

A representação

O diretor-presidente da Fundação Municipal de Esporte, Luiz Ernani Buerger, é referência no basquete não só em Tubarão, como em Santa Catarina e no Brasil. Perante a série Memória Esportiva, ele deixa um recado especial do porque da escolha das duas tubaronenses. “Seria difícil falar de todos os atletas, tanto no masculino, quanto no feminino. Conquistamos todos os títulos possíveis, nossa cidade já foi potência na modalidade e hoje está voltando. Tive a oportunidade de ser técnico das seleções catarinenses, dirigente de delegações. Outros jogadores (as) se destacaram e fizeram parte das seleções catarinenses. Mas, por ser a Seleção Brasileira, acredito que relembrar e eternizar a história das duas, é uma homenagem a todos aqueles que se doaram pela modalidade em nosso município”.