Especial Troféu Salim Mussi Miguel: Paratleta tubaronense é exemplo de otimismo e superação

A forma como percebemos a si mesmo é que constrói o que realmente somos, o que podemos viver e alcançar. Crenças e virtudes se entrelaçam no crescimento humano, em busca da evolução e concretização de objetivos. Diante de deficiências físicas, se auto aceitar ainda quando criança é entender que, embora haja preconceito, é possível se reinventar e ser o que quiser. Com um otimismo nato, Luiz Otávio de Farias, paratleta de Tubarão, dificilmente enxerga a perna atrofiada como barreira. Herança da mãe que sempre o educou para fazer o que tivesse vontade. “Quando via ele estava brincando, pulando os muros, conversando com o vizinho e se divertindo com os amigos”, lembra Maria Aparecida, que viu o filho ter paralisia infantil após um mês de nascimento.

 

 

Sociável e proativo, era o primeiro a levantar a mão em sala de aula para participar de atividades, brincadeiras e esporte. Joga futsal, anda de bicicleta e, nos últimos dois anos, encontrou na natação a oportunidade de se tornar atleta profissional. Ao disputar o Parajasc, em 2018, subiu no pódio quatro vezes – medalha de ouro nos 100 metros peito, prata nos 100 metros costas, 50 e 100 livre. Nesta sexta-feira (17), Luiz será reconhecido como destaque no cenário esportivo tubaronense, ao receber o Troféu Salim Mussi Miguel. “A sensação é indescritível. Estou bastante orgulhoso de mim, porque é uma honra enorme receber esse prêmio”, comemora o paratleta, ansioso pelo momento.

 

 

Antes da fase de glória, ainda sem conhecer o potencial aquático, aos 12 anos de idade Luiz teve que passar por uma cirurgia difícil e colocar o aparelho de Llizarov, fixador externo em inoxidável, para alongar o osso da perna atrofiada. “Foram quatro meses sem colocar os pés no chão. Usou cadeira de rodas, muleta, mas nunca reclamou”, observa a mãe. A compreensão daquela época permanece no dia a dia do nadador, que usa uma tala para caminhar melhor no trabalho, faculdade e momentos de lazer. “Eu sei que ele não fala, mas aquela botinha incomoda, machuca, faz ferida”, completa.

 

 

Quem cuida do treinamento do nadador, neste ano, é a Associação Tubaronense de Natação (ATN). Quando recebeu o convite para compor a equipe, Diana da Silva, esposa do esportista, revela que foi uma fase desafiante. “Ele ficou preocupado deles serem muito melhores”, afirma. Depois do primeiro treino, Luiz notou que o tempo no cronometro era parecido, dando ainda mais motivação para alcançar os objetivos. Entre os sonhos dentro das piscinas, está a vontade de ver o paradesporto da Cidade Azul crescer e se tornar forte nas competições por Santa Catarina. “Ele é exemplo para a garotada e pode motivá-los a seguir por esse caminho” elogia a mãe.