Marcolino pelos olhos de Caetana

Um caminho estreito, feito de ferro e madeira, sustenta as locomotivas em movimento, ao longo da história, carregadas de carvão. Ao lado deste, meninos e meninas brincam dos mais diversos jogos enquanto esperam pelo som. Piui! Anuncia o maquinista. E de repente, todas as crianças vão para perto dos trilhos, acenar para o trem. Com os braços apoiados no portão, uma mulher observa a brincadeira dos filhos. Ao mesmo tempo, seu olhar detecta a poeira e a lama provenientes do não calçamento de sua rua. Para dar um fim nesta situação, ela junta-se aos vizinhos e luta por melhorias. Passado um bom tempo do início desta história, o município de Tubarão, ouvindo os moradores da avenida Marcolino Martins Cabral, garante o asfaltamento da via. 

Para conseguir recursos, a primeira ação tomada pelo município foi solicitar auxílio ao Governo do Estado. Quando o convênio com o Fundo de Apoio aos Municípios (Fundam) foi assinado, os meios para realizar a obra foram disponibilizados, bem como a equipe e os equipamentos necessários para iniciar os trabalhos. Assim que viu a movimentação dos trabalhadores, Caetana de Lapa Carvalho, 82 anos, moradora há 57 anos da localidade e a mesma que lutou pela revitalização, passou a vigiar a obra com os mesmos olhos que anteriormente eram embaçados pela poeira. “Todos os dias eu ia até o portão e via como estava o andamento dos serviços. Quem via, brincava comigo dizendo que eu era a fiscal da obra”, conta Caetana.

Enquanto Caetana vigiava do portão, os funcionários trabalhavam na base da obra: as drenagens. Os trechos contemplados foram desde a rua Hercílio Nogared, no trecho entre a rua Princesa Isabel até a esquina da São Geraldo; rua Laguna até a esquina com a Galdino José de Bessa; Tereza Cristina, entre a Princesa Isabel até a esquina com a rua Laguna e rua Laguna esquina com a Marechal Deodoro. “Muitas vezes, enquanto esperávamos os materiais para fazer a drenagem das ruas, alguns moradores ficavam ali conversando com a gente. A intenção deles era acompanhar a obra e junto disso eles sempre traziam um copo d’água e um bom papo”, relata o topógrafo da empresa vencedora da licitação, Ednilson Golçalves.

Todas as obras nas redes pluviais, a grande maioria já finalizadas, foram feitas para dar apoio a camada asfáltica que viria em seguida. Onde Caetana mora, na rua Tereza Cristina, o asfalto já foi posto. “Antes os carros passavam rápido pela rua e toda a poeira que levantava vinha pra dentro de casa. Era trabalhoso fazer a limpeza por causa disso. Agora, com o asfalto, eu nem percebo que os carros estão passando e a poeira não existe mais”, afirma a moradora. 

Para finalizar as obras, ainda restam a colocação de asfalto em três trechos: rua Princesa Isabel até a Galdino José de Bessa; Galdino José de Bessa até a rua dos Ferroviários; e rua dos Ferroviários até a Silvio Cargnin. Neste último trecho, a última drenagem está sendo instalada. 

As obras na Marcolino Martins Cabral seguem para as fases finais, mas parece que foi ontem que a luta de Caetana começou. No início da batalha, seus filhos usavam a rua para brincar. Hoje, com a guerra vencida, Caetana já não fica mais no portão observando as brincadeiras, mas sim dentro de casa, fazendo cavaquinho, para esperar os filhos, netos e bisnetos que agora chegam tranquilamente de carro até sua casa.

Fonte: Decom/PMT