Rede Municipal de Ensino de Tubarão prepara professores para educação inclusiva
O estudante Vinícius Pazeto dos Santos de 8 anos comemorou recentemente o fato de já saber escrever “emendado”. Aluno do 3º Ano da escola municipal de Sombrio, Vinícius tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, por isso, as pequenas conquistas do estudante são celebradas por pais e educadores.
Vínicius ingressou na escola de Sombrio em 2019 e, segundo Gedineia Soethe Pazeto, mãe do garoto, o momento foi de muita apreensão. “Ele estudou anteriormente no CEI Bem-me-quer e quando houve a necessidade de mudar para uma escola de Ensino Fundamental achei que não encontraria um local ideal para atender às necessidades dele”, relata.
Porém, a insegurança de Gedineia foi substituída pelo acolhimento dado pela direção e professores da unidade escolar: “São muito atenciosos e estamos sempre em contato. Qualquer mudança dele, a escola me comunica e eu também estou sempre envolvida com as atividades escolares, pois acredito que somente com esta parceria é possível ajudá-lo a se desenvolver”, atesta a mãe.
A diretora da unidade escolar, Marilene Fidélix Cardoso, diz que a atitude da família foi fundamental para que os educadores se sentissem seguros para receber o primeiro aluno autista da escola. “Ficamos, inicialmente, preocupadas, pois era uma situação nova para todas nós, contudo, a determinação da mãe, que demonstrou muito interesse em participar da vida escolar do aluno, nos fez entender que seria possível atuar conjuntamente para promover o desenvolvimento do Vinícius e deu certo”, comemora.
Passados três anos, família e escola celebram a evolução do estudante. “Ele está muito mais sociável, tira notas excelente, participa das atividades e apresentações em grupo. E tudo isso porque a escola buscou informações para lidar com ele, pois o autista precisa de carinho e atenção diferenciados e na medida certa. Ele tem limitações e a escola aprendeu a lidar com essas necessidades, promovendo uma visível evolução no desenvolvimento de meu filho”, reconhece.
A diretora retribui os elogios ao afirmar que a família de Vinícius é um exemplo, pois sempre se preocupou em prepará-lo para ter uma vida independente. “Ele está sendo educado para ter autonomia, para ser uma pessoa independente. E nós também contribuímos à medida que o inserimos em todas as atividades, eventos e apresentações. Ele participa de tudo e tem uma grande capacidade de aprender, apresentando um desenvolvimento incrível. Para mim, o Vinícius é um fenômeno e a mãe tem grande responsabilidade, pois é uma pessoa maravilhosa”, enaltece Marilene.
Aprender para melhor atender
O caso de Vinícius não é isolado. Segundo as mais recentes estimativas globais da ONU, só o Brasil pode ter, aproximadamente, 2 milhões de pessoas com autismo, o que corresponde a 1% da população.
Na rede municipal de Ensino de Tubarão, neste ano letivo de 2022, estão matriculados 114 alunos com Transtorno do Espectro Autista, 102 com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), 4 com Síndrome de Down e 48 com retardo mental leve.
Além das Leis federais que instituem as políticas nacionais de proteção dos direitos à educação para pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o município de Tubarão também tem regras próprias que fixam as normas para a Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva, garantindo adequações curriculares para contemplar a diversidade, promovendo o acesso e a permanência com qualidade destes estudantes na rede regular de ensino, com adequações curriculares que constam, inclusive, no projeto político pedagógico das unidades escolares.
Mas, não bastam as leis, é preciso entendê-las para colocá-las em prática. Por isso, tem sido frequentes as iniciativas da Fundação Municipal de Educação para capacitar gestores e professores para lidarem com esta realidade que está cada vez mais presente nas salas de aula.
Neste ano, em abril, foram promovidas para gestores e professores, especialmente os de Apoio Escolar, palestra com a pedagoga Wania Boer, especialista em Educação Especial, que abordou o tema autista e a 2ª Formação Continuada – Educação Inclusiva: Desafios da formação para atuação, realizada pelas equipes Multiprofissional e Atendimento Especializado (AEE).
As atividades levaram aos educadores conhecimentos sobre educação inclusiva. “Precisamos compreender as novas concepções de deficiência, de práticas pedagógicas, de critérios de avaliação, de serviços e apoios para que os direitos de acesso, permanência e aprendizagem deste público especial possam ser cumpridos”, afirma o diretor-presidente da Fundação Municipal de Educação, Maurício da Silva.
Para Maurício, o aprimoramento do atendimento a este público passa, necessariamente, pelo registro dos dados e fatos que os professores observam em sala de aula. “Devemos juntar todas essas informações para gerar um prontuário que sirva de orientação para os educadores, mas precisamos também conversar com as famílias, entender as particularidades daquele estudante que está sendo atendido em nossa rede, pois quanto mais o conhecermos, mais acertadas serão nossas atitudes e possibilidades de tornar este aluno mais autônomo. Observação e registro”, enfatiza.