Oficinas virtuais movimentam corpo e mente
Videoconferência, videochamadas, telechamadas, teleconfêrencias são termos que ganham cada vez mais espaço na vida de todos. Com a necessidade de distanciamento social, diversos aplicativos e softwares tornaram-se ferramentas essenciais para aqueles que desejam manter contato e dar continuidade aos fluxos de trabalho diário.
A tecnologia é também grande aliada da educação e cultura e graças à criatividade e desenvoltura de professores e alunos, muitos projetos são realizados, mesmo em tempo de pandemia.
Em Tubarão, o setor cultural embarcou com destreza na modalidade on-line e, desde março, vários trabalhos foram produzidos por alunos das oficinas de teatro, música, dança e artesanato oferecidas gratuitamente pela prefeitura, por meio do Centro Municipal de Cultura (CMC).
O professor Leandro Laurentino do Nascimento dá aula de música on-line para cerca de 40 alunos e para manter a turma motivada, as lições são enviadas por WhatsApp ou disponibilizadas pelo YouTube. “Eu já passei 12 lições para eles seguindo o método de ensino que uso e, depois, ofereço um suporte individual, por meio do qual os alunos sanam as dúvidas e aprimoram o conhecimento. Para treinar, alguns participaram dos vídeos produzidos pela gerência de Cultura e, também, realizamos semanalmente um aulão ao vivo. Isso incentiva bastante os participantes e ajuda na questão psicológica provocada pelo afastamento”, atesta o professor.
Desenvolver uma atividade cultural durante o período de pandemia é apontado pelos especialistas como uma importante ação para evitar a depressão e a negatividade. “A cultura é extremamente importante, não só agora, mas principalmente agora, pois permite que as pessoas entrem um pouquinho no mundo imaginário e mantenha a saúde mental, pois, elas estão adoecendo com tantas notícias negativas. A cultura traz um pouco do positivo para a vida das pessoas, então, com certeza, quem consegue acessar iniciativas culturais tem uma melhor saúde mental”, esclarece a psicóloga Simoni Ghisoni.
Simone fala com propriedade de quem atua na área da saúde, mas com a certeza de quem também conhece o outro lado do benefício das aulas on-line. Ela e a filha Clara Ghisoni de Melo, 11 anos, são alunas da oficina de teatro do CMC. Simone explica que ela e a filha gravam as atividades propostas pela professora e isso traz grande ganho à desenvoltura delas. “Eu não gostava de fazer videochamadas e, nesse momento de pandemia, precisei reformular minha atuação profissional, fazer atendimentos on-line e as aulas virtuais têm me ajudado a construir uma autoimagem mais compatível com a realidade. Já a minha filha que era bastante tímida, está mais desinibida, melhorou muito a leitura e a compreensão textual. Ela aprendeu a fazer improvisações e todas suas potencialidades foram desenvolvidas com as aulas de teatro”, relata Simoni.
As irmãs Sofia Soares Santos, 11 anos e Melissa Soares Santos, 8 anos, também são alunas de teatro e aguardam ansiosas os conteúdos que a professora Fernanda Neves envia semanalmente. “Elas ficam esperando as atividades e acabam envolvendo toda a família na produção dos vídeos. Depois, acompanham o resultado pelas redes sociais, já que todos os trabalhos são divulgados na internet e lá podem acompanhar também os projetos dos demais colegas. Elas estão adorando e nós também, pois é uma grande distração para toda a família, já que estamos todos em casa”, conta a mãe das alunas, Camila dos Santos.
A professora de teatro, Fernanda Neves destaca que, de fato, os aparatos tecnológicos têm propiciado essa interação, mesmo a distância. “Postamos tudo no nosso canal do YouTube e os alunos adoram, pois é uma oportunidade de se verem e verem os demais trabalhos e dessa forma vão aprimorando as técnicas. Trabalhamos com fatos temáticos, como festa junina, folclore, o que estimula ainda mais a criatividade dos nossos alunos”, frisa a professora.
É preciso mexer o corpo e movimentar a mente
A gerente de Cultura da Fundação Municipal de Educação, Rosemary Schotten ressalta que quando a pandemia iniciou, a preocupação foi tentar manter, de certa forma, as atividades culturais oferecidas aos tubaronenses. “A atividade cultural faz muita diferença na vida das pessoas e, especialmente agora em época de isolamento social, o que mais vemos são as pessoas necessitando de contato, de atividades que possam ocupar a mente e o corpo. Por isso, nossos professores são muito criativos e criaram diversas alternativas para não deixarem os alunos parados. Os resultados são surpreendentes e os retornos dados pelos alunos nos motivam a fazer sempre mais”, enfatiza.
Mexer o corpo e liberar o estresse são também metas das aulas das oficinas de dança oferecidas pelas professoras Paula Vieira Teixeira e Emilian Ramos Crescencio.
Para manter as 20 alunas de 8 a 16 anos em movimento, a professora Paula também recorre aos aparatos tecnológicos. “Nosso contato é por WhatsApp e posto as atividades no YouTube. O importante é que elas se mexam, ainda mais que estão em casa, sem fazer educação física. Então, elas ensaiam, gravam as coreografias, me enviam e se distraem enquanto aprendem. É uma iniciativa que ajuda tanto a parte física, quanto a mental”, assegura.
A professora Emilian afirma que a dança é uma forma de expressão corporal, que permite aperfeiçoamento da coordenação motora, além de trazer inúmeros benefícios: queima de calorias, aumento do condicionamento físico, fortalecimento da musculatura corporal. “Dançar é uma atividade comprovadamente terapêutica, faz bem ao corpo, ao coração e à mente e, não demanda nada mais do que tempo e disposição. E na situação que nos encontramos, de isolamento social, percebe-se a importância de praticar atividades físicas prazerosas na tentativa de manter a saúde mental. Além disso, a dança é uma atividade física para todas as pessoas, sem distinção de sexo, raça e idade. E para a terceira idade, torna-se uma prática fundamental para a saúde”, pontua.
Trinta e seis alunas estão matriculadas nas aulas virtuais da professora Emilian, que recebem semanalmente vídeos com coreografias, ginástica aeróbica e exercícios físicos com materiais disponíveis. “Depois, elas me retornam com seus vídeos da prática ou depoimento de como fizeram, para as que não gostam de aparecer diante da câmera”, explica Emilian.
Cerca de 500 alunos estão matriculados nas oficinas ofertadas gratuitamente pela prefeitura de Tubarão.