Indígenas do Paraná acampados em Tubarão são atendidos pela FMDS

Uma equipe da Fundação Municipal de Desenvolvimento Social (FMDS) realizou nesta quarta-feira (16), uma abordagem para atendimento a um grupo de indígenas acampados sob o elevado de acesso à avenida Padre Geraldo Spettmann. Eles são oriundos de Nova Laranjeiras (PR) e pretendem permanecer mais duas semanas para venda de artesanato, mas dispensaram a oferta de serviços como o pernoite no albergue.

 

Os índios da etnia kaingang são de uma mesma família que vive em uma aldeia em Nova Laranjeiras e assistidos pela Fundação Nacional do Índio (Funai) de Guarapuava. São quatro mulheres, dois rapazes e uma criança de oito anos. Segundo Cristina Félix, de 28 anos, que respondeu a todos os questionamentos da equipe e falou em nome do grupo, eles aproveitaram o recesso escolar da aldeia para vender artesanato em outras regiões.

 

A escolha de Tubarão como destino não foi por acaso. Eles receberam a indicação de um outro indígena da família que já esteve na Cidade Azul em outra época e considerou como “lugar muito bom para vendas”. Cristina e os familiares chegaram na segunda-feira (14) de ônibus, com passagens disponibilizadas pelo serviço social da prefeitura da cidade onde vivem.

 

“O cacique da nossa tribo e a Funai não ajudam muito, então estamos aqui para vender nosso artesanato e sobreviver. Vamos ficar mais duas semanas, que é o tempo que as crianças estarão de férias. Não viemos para morar, apenas para vender nossos produtos”, contou Cristina.

 

A assistente social Jucelma Gallotti Marcinichen cadastrou todos os indígenas e os informou sobre os serviços assistenciais que o município pode oferecer. Eles preferem não ir ao albergue porque, segundo Cristina, não teriam a liberdade de produzir as cestarias que vendem na cidade. A única coisa solicitada pelos indígenas foi alguns sacos plásticos de lixo para recolherem o material descartado no acampamento antes de regressarem ao Paraná.

 

Mesmo sob a estrutura do elevado da BR-101, os sete indígenas têm uma barraca, roupas de cama (cobertores, travesseiros) e alguns utensílios de cozinha para preparar refeições.

 

Funai esclarece situações

 

Os indígenas, embora protegidos pela estrutura social das aldeias, migram para comercializar o artesanato produzido. Durante o ano, eles realizam esse circuito sazonário para melhorar a renda. Resguardadas as particularidades culturais, são pessoas civis que respondem normalmente a qualquer situação ilícita de suas autorias. O direito de trabalhar acompanhados dos filhos faz parte da cultura indígena, sendo que não cabe nenhuma cobrança nesse sentido. O fato das crianças estarem ausentes das escolas, enquanto acompanham os pais, não gera punição, exceto a suspensão do Bolsa Família, quando descumpridas as condicionalidades. Quanto aos donativos ofertados pela população, faz-se um apelo para que não realizem. A ajuda deve ser oferecida através da compra do artesanato. Dessa forma, eles atingem o objetivo de comércio e são estimulados à produção.

 

Segundo Christopher Felipe Ramos, indigenista especializado da Funai de Guarapuava, os donativos arrecadados geram alguns conflitos ao retornarem para a aldeia devido ao processo de partilha. O ideal, ele coloca, é que donativos dirigidos aos indígenas devem ser realizadas na forma de caravanas solidárias diretamente na aldeia. Importante compreender que fazendo parte do circuito sazonal, não há motivo para preocupação da sociedade, principalmente quando o serviço social local realiza esse diálogo com a Funai, ampliando, assim, o acompanhamento e monitoramento dessas famílias fora de suas aldeias, acrescenta Christopher.