Atirador tubaronense disputa Mundial nos Estados Unidos
A imaginação da criançada desdenha sossego. Na década passada, sem tecnologia, não importava se havia ou não brinquedos, os pequenos só precisavam de criatividade para se divertir. Quando menino, Maicon Soraes passou boa parte da infância na casa dos avós, localizada na Madre, interior de Tubarão. Foi no terreno da família que ele desenvolveu o interesse por atirar, e, naquela época, era praticado com estilingue e espingardas de chumbinho. Quem diria que a paixão de criança o levaria a disputar o Grand American Word Trapshooting Championships, maior e mais importante competição mundial de Tiro ao Prato.
Reunindo milhares de atiradores e atiradoras de diversos países, o campeonato ocorre anualmente em Sparta/IL, Estados Unidos e já existe desde 1899. Embora já tenha participado em 2011 e 2014 da disputa por conta própria, é a primeira vez em que o atleta é convocado oficialmente pela Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE) a compor a Seleção Brasileira. “Concorreram nesta classificatória 1.174 atletas. Acompanhamos a classificação em tempo real até na última etapa, sabendo que não podíamos deixar a peteca cai”, revela Maicon. Neste ano, a competição mundial acontecerá entre os dias 31 de julho e 10 de agosto.
Praticando profissionalmente Tiro ao Prato desde 2016 no clube de Caça e Tiro José Siebert, Tubarão, o atirador experiente destaca que não existe segredo para chegar à elite brasileira da modalidade. “Há desportistas que evoluem e se destacam mais rapidamente que outros. Alguns chamam isso de “dom” e eu acredito. Entretanto, os possuidores desse talento, bem como os persistentes, passam por um processo de amadurecimento e necessitam transpor muitas variáveis” afirma. Para conseguir atingir os patamares mais altos de rendimento, Maicon elenca quatro pontos essenciais para chegar ao topo: foco/concentração; equipamento; técnica e treinamento.
Trajetória de vitórias e apoio
Nos anos 80 e 90, quando vinham os parques de diversão, Maicon não queria saber de roda gigante ou carrinho de choque, ia direto aos trailers repletos de recompensas. Neles encontrava as espingardas de ar comprimido para atirar rolhas. Se naquela época saia com as mãos cheias de brinquedos, agora possui materializado inúmeras conquistas douradas na trajetória como atirador. Representando sempre a Cidade Azul, o atleta é tri-campeão brasileiro, multi-campeão catarinense e diversas vezes medalhista de ouro, prata e bronze, tanto individual, como por equipes, dos Jogos Abertos de Santa Catarina.
Para alcançar tantos pódios, o esportista precisa abdicar de momentos de lazer, afinal, o alto rendimento exige muito do atleta – no Tiro ao Prato não é diferente. “Minha opinião é que neste esporte a repetição leva à perfeição. Nossos treinos oficiais acontecem sempre nos finais de semana que antecedem as etapas do campeonato catarinense/brasileiro. Eventualmente treino em outras datas, que não seguem uma rotina”. Mesmo sacrificando períodos com a família e do próprio trabalho é neles em que encontra mais apoio. Na medida do possível, a esposa e o chefe/sócio dão a ele carta branca para alavancar a dedicação ao esporte. “O tiro ao prato é muito mais que um esporte. É minha válvula de escape, uma distração para aliviar a correria do dia a dia, e o principal, uma segunda casa com amizades verdadeiras que posso contar para o que der e vier”, finaliza.