Recuperação e vitórias: apesar de lesão, nadadora da ATN quebra dois recordes

Recorde! A nadadora Letícia de Carvalho é a mais veloz nos 200 metros livre, em Tubarão. Com a marca de dois minutos, sete segundos e 65 centésimos (2’07’’65) ela quebrou a antiga marca de 2’09’’76, que pertencia a atleta e revelação tubaronense Fernanda Delgado, e perdurava desde de 2016. Lê, como é carinhosamente chamada, ainda estabeleceu outro recorde, desta vez nos 400 metros medley. Ao nadar 5’21’’97, a competidora superou os  6’16’’87 de Ana Caroline Rebelo – quase um minuto mais veloz! O evento ocorreu entre os atletas da Associação Tubaronense de Natação (ATN), no último fim de semana.

Os resultados não vieram da noite para o dia. Antes da pandemia, a nadadora vinha firme nos treinamentos, fazendo até três períodos de atividade física por dia, às vezes. Ao longo do distanciamento social, a jovem treinou na Lagoa de Jaguaruna. Pelo menos, até o inverno chegar. “Começou a esfriar e eu não queria me arriscar de ficar gripada”, conta a atleta. Depois de quase dois meses sem água, voltou para as piscinas. O retorno foi recheado de boas sensações – e também surpresas.

Sem esperar, a nadadora começou a sentir fortes dores nos dois ombros e precisou parar com os treinos. Não com o condicionamento. “Foi um tempo bem conturbado. Fui a três médicos diferentes. Fisioterapia toda semana. Só pude treinar perna por 90 dias”, relata Lê. Com paciência, aos poucos as atividades na água voltaram. E, mesmo ainda em período de recuperação, a nadadora fez o que fez no último fim de semana.

Ao relembrar todo esse processo, da força de vontade envolvida, bem como do foco e do equilíbrio, a competidora sente o quão pode ir longe. “Estou me recuperando e, apesar disso, consegui fazer bons tempos para minha ‘situação’. Estou muito feliz”, comemora a recordista, com sentimento de dever cumprido, ao se sobressair diante de Fernanda Delgado. “É sempre bom bater um recorde, né? Seja de quem for. No entanto, o fato de ser alguém que admiro e sempre se destacou, com certeza é incrível”, descreve a Lê.

O treino mental vale a pena

Letícia começou na natação aos 13 anos. Hoje, aos 18, aconselha aos atletas de alto rendimento a investir no acompanhamento psicológico. “Eu procurei agora, nesse período que cuidei dos meus ombros. Estava muito desanimada, estressada e com bastante ansiedade. Foi um acúmulo: da pandemia, das lesões e da situação que o mundo todo vive”, explica a nadadora. Conforme a competidora, foi uma das melhores escolhas da carreira esportiva. “Parece besteira, mas sem cuidar da saúde mental não tem treinamento que te leve para frente!”, conclui. 

 

Um voto de gratidão

Mais importante do que comemorar os feitos é reconhecer quem ajudou a conquista-los. Letícia agradeceu o treinador Eduardo Morini, bem como a professora Greysian Felisberto pelo apoio e ajuda de ambos ao longo de todo o processo desafiante deste ano. Por fim, citou Paula Cardoso, a nutricionista, que contribuiu para manter a consciência do equilíbrio alimentar, perante os desvaneios e intempéries. “Muita gratidão a cada um. Sem eles, nada seria possível”, finaliza. Letícia tem o apoio da Fundação Municipal de Esporte, por meio do Bolsa Atleta.