Lágrimas de gratidão: apesar de não concluir disputa, ultramaratonista comemora recuperação da Covid-19
“Não consegui”. Essa é uma frase que nenhum atleta gosta de declarar. Pelo menos, não no esporte de alto rendimento, que exige horas de treinamento, sacrifícios e muito foco. Após contrair Covid-19, durante o isolamento, Felipe Costa precisou parar com a atividade física. Ao mesmo tempo, todos os dias, ao acordar, torcia para que nenhum sintoma se agravasse, impedindo-o de encarar o que mais queira: os 100 quilômetros na 1º Ultramaratona Indaiatuba. “A princípio me sentia bem. Saí do isolamento três dias antes da prova, por isso, resolvi encarar e tentar. Já estava tudo programado”, relata o competidor, que enfrentou a prova em São Paulo, neste sábado (28).
No entanto, dores, seguidas de lágrimas, escreveram um novo rumo na história de Felipe. Abaixo de forte sol, de máscara, o ultramaratonista sentiu o peso das passadas pós-coronavírus diferente. “Senti um cansaço grande. Respiração muito pesada devido às sequelas do vírus”, descreve. Nos 50 quilômetros, o tubaronense começou a sentir uma leve dor no peito. “Parei imediatamente, antes de poder agravar e ter problemas maiores. Emocionalmente, fiquei chateado na hora da desistência, mas preservei pela minha saúde”, completa, ao explicar o porquê da decisão. Ele não chegou ao seu limite. Não quis correr riscos, mesmo estando perante uma das suas maiores paixões: correr.
Para Felipe, nada mais importava naquele momento, além da sua saúde. “É uma doença nova e não sabemos o que poderia acontecer”, ressalta. Apesar da desistência, não se sente derrotado. Vantagem de um competidor que conhece o corpo e a consequente capacidade física que ele proporciona quando está, realmente, 100%. “Me sinto vitorioso por poder ter conseguido correr 52 quilômetros nessas condições e vencer esta doença que está matando muitas pessoas”, destacou. Agora, é mais um novo recomeço na carreira esportiva. Este é diferente de todos os que o tubaronense já viveu. O mal que abala o mundo esteve perto, afetou, mas não o abalou. “Bola pra frente, continuar me cuidando para enfrentar vários outros desafios pela frente”, concluiu o competidor, que recebe apoio do Bolsa Atleta e Técnico.