Tubarão abriga grande volume de imigrantes africanos
De acordo com dados atualizados da Polícia Federal e do Ministério da Justiça, o Brasil abriga hoje mais de 6 mil refugiados. Seguindo os registros do ano de 2014 a 2015, estima-se que mais de 200 imigrantes estão residindo no sul catarinense, e só em Tubarão, aproximadamente 100.
Assim que chegam em terras brasileiras, a emissão do visto de permanência é obrigatória. Este documento garante a estadia dos imigrantes no período de um ano, e deve ser atualizado no estado de origem em que deram abertura na documentação. “Se eles entram e fazem os registros pelo Acre e depois mudam de cidade, após um ano de permanência eles devem voltar para renovar o visto”, explica a coordenadora de Políticas Públicas e Igualdade Racial do município de Tubarão Aleida Cardoso.
A grande maioria dos estrangeiros são do continente africano, mais precisamente de Gana, e já possuem curso superior. Muitos são médicos, engenheiros, professores e enfermeiros. A imigração também se dá pelo alto índice de desemprego, que chega a 25% na África. “Um amigo me disse que aqui havia mais oportunidades de emprego e que era melhor aqui, então eu vim”, conta Eric Dapaah, de 26 anos, que deixou a família e está há oito meses vivendo em Tubarão.
Antes enfermeiro, Eric agora atua como auxiliar de serviços gerais em um restaurante especializado em comida Árabe, localizado no centro da cidade. Lavar pratos, limpar o ambiente de trabalho, varrer o chão e servir os clientes é a nova rotina vivida pelo ganês. “Quando fez um mês da minha chegada, consegui meu primeiro emprego, onde estou até hoje”, relata Eric. “Já tivemos experiências com outros funcionários aqui no restaurante, mas nenhum como o Eric. Os clientes elogiam o trabalho dele, temos uma boa relação e ele é muito esforçado”, salienta o proprietário do estabelecimento Leandro Cunha de Souza.
Muitos dos imigrantes que chegam na Cidade Azul, são abrigados em uma casa de passagem, mantida pela Fundação Municipal de Desenvolvimento Social e pelo padre Angelo Bússolo, da Cáritas Diocesana. “Na medida que foi aumentando o número de imigrantes na nossa cidade, se fez necessária a construção de outro espaço. Até que depois de diversas reuniões nós conseguimos construir uma nova casa de passagem”, salienta Aleida Cardoso.
Apesar de a imigração ser ainda uma novidade para o município, além do acolhimento, a Fundação Municipal de Desenvolvimento Social realiza outras ações para permanência dos refugiados, como doação de roupas e cestas básicas. “Nós ainda precisamos de um plano de ação que estruture a permanência dos imigrantes em nossa cidade, contudo nos preocupamos em receber bem estas pessoas e ajudamos como podemos”, destaca Aleida.
A coordenadora de Políticas Públicas e Igualdade Racial ainda destaca que a maior dificuldade que os estrangeiros enfrentam no país é o preconceito. “Eles adoram o Brasil, mas muitos deles, ao chegarem aqui, acabam sendo mal tratados. Muitos já foram embora por questões raciais, além da xenofobia que ocorre frequentemente. Nós precisamos acolher e respeitar essas pessoas, porque além de trabalharem muito, eles ainda ajudam a família”, ressalta.
Em contrapartida, Eric Dapaah diz que foi muito bem recebido na Cidade Azul e se dá bem com todos. O jovem que nunca teve contato com o português brasileiro, com pouco tempo de aprendizagem já se comunica bem e já se familiarizou com os tubaronenses. “Não penso em voltar para Gana. Quero construir a minha família aqui”, completa o imigrante.
Fonte: Amanda Defreyn/Decom/PMT