Arquivo Público reúne centenas de documentos sobre a enchente de 1974

Os registros guardados da época não deixam dúvidas: a enchente de 1974 foi a maior tragédia que o sul do país vivenciou nos últimos 42 anos. Até hoje, não existe uma estimativa unânime da quantidade de mortos. Há dados que apontam 199 pessoas, uma outra lista divulgada à época mostra um número menor. O certo é que a subida do nível das águas do Rio Tubarão deixou um rastro de destruição. Pelos relatos publicados nos jornais e livros escritos sobre a tragédia é possível perceber a dimensão do estrago e a força da população em reerguer Tubarão. Se “Águas de Março” tornou-se uma famosa canção brasileira de Tom Jobim, as águas de março de 1974 levaram o município de Tubarão a ser conhecido nacional e internacionalmente de forma trágica.

Todos estes dados marcantes da história estão disponíveis no Arquivo Público Histórico Amadio Vettoretti, vinculado à Fundação Municipal de Cultura e Esporte da prefeitura. O arquivo está fica localizado no prédio da antiga rodoviária, na avenida Marcolino Martins Cabral. Aos interessados pelo acontecimento que marcou a cidade, a enchente de 1974, atualmente o Arquivo Público conta com livros, fotos e um caderno especial com 130 páginas sobre o episódio.

Um dos relatos mais emocionantes é o publicado pelo jornal O Estado, em 23 de março de 1975, um ano após o acontecido: “A água levou pontes, casas, carros, árvores e vidas. Mas não destruiu a vontade de um povo que soube lutar, reconstruir e ficar”, dizia a manchete do jornal.

Neste caderno especial, existem reportagens publicados por veículos de comunicação de várias partes do país sobre a enchente e o acompanhamento pós-tragédia. São relatos de dias de horror, vivenciados por centenas de pessoas que viram tudo ser devastado pela água.

“As águas de março de 1974 deixaram suas marcas além do rio, elas devastaram casas, centros comerciais, igrejas, lavouras, pontes, vidas e deixou centenas de lembranças na mente do que vivenciaram a catástrofe. O cheiro de lama, a falta de energia, a falta de notícias, o toque de recolher, a fome, o saque, a partilha, a fila para a vacina, informações desencontradas, a indefinição do número de mortos, o enterro improvisado, a queda do helicóptero, o racionamento, enfim, a dúvida de um recomeço”, relata um dos textos do professor de História e pesquisador Paulo Henrique Lúcio.

E Tubarão conseguiu, a vontade de vencer foi mais forte que as águas daquele dia.

Um dos dados que chamam mais a atenção dos interessados pelo assunto está publicado no livro de César do Canto Machado “Tubarão 1974 – Fatos e Relatos da Grande Enchente”.

Fotos da história: No Arquivo Público também é possível conhecer os acontecimentos daqueles dias através de diversas fotos. O diretor do Arquivo Público Joel Koenig, que na data da enchente estava com 20 anos, tem uma relação especial com uma dessas fotos. Na época Joel era voluntário do Exército e auxiliou na desobstrução dos pilares das pontes. “A lembrança que tenho quando penso naquela enchente é de ter contribuído com centenas de pessoas. Meu pai perdeu tudo. Morávamos onde atualmente é o Morro do Canudo (próximo à Catedral) e a devastação foi total”, recorda Joel.

Fotos sobre a enchente de 1974 também podem ser vistas no Centro Municipal de Cultura- Museu Willy Zumblick. A mostra faz parte do acervo permanente.

 

Fonte: Decom/PMT