Especial Troféu Salim Mussi Miguel: Um ato ousado para chegar ao topo do atletismo

O processo de autoaceitação é uma longa jornada. Olhar-se no espelho, não dar atenção a estereótipos ou cultivar elogios dentro de si requer amadurecimento e, principalmente, amor próprio. Por muitos anos, Karolina Teixeira, atleta tubaronense, alisou os cabelos crespos. “Era o padrão. A maioria das minhas amigas tinha cabelo liso”, lembra. Em 2018, a jovem caminhou pelo passado, viveu períodos de reflexão e decidiu ousar – por si e pelos sonhos. Há um mês e meio de disputar os Jogos Escolares da Juventude, em Natal, Rio Grande do Norte, raspou todo cabelo. “Resolvi cortar, em um impulso, sem pensar em nada do que podia acontecer”, relata.

 

 

O treinamento intenso e o novo visual formaram, juntos, o combo de coragem e determinação que Karol precisava para entender a dimensão do seu talento. Sem pensar nas adversárias ou em quem pudesse taxá-la, deu o melhor dentro das pistas, concretizando o objetivo daquele ano para a carreira: cravar a marca de 56 segundos e se consagrar campeã brasileira escolar. Desde a vitória, os resultados da atleta crescem ainda mais. “Coloco isso como uma tabela mental, de como fui progredindo com os pensamentos, para mim não focar nas pessoas, mas em mim mesma”, ressalta. Quando perguntada sobre o que ser humilde dentro do esporte, ela destaca que há dois lados: o momento em que o atleta deve ser simples, conversar com todos e aquele que é preciso se concentrar apenas em si.

 

 

Às vésperas de viajar para Jaraguá do Sul em competição, na tarde desta sexta-feira (17), a atleta recebeu do diretor-secretário da Fundação Municipal de Esporte, Luiz Ernani Büerger o Troféu Salim Mussi Miguel. “Por dever de ofício ela não estará no cerimonial, mas entregamos o prêmio a ela, parabenizamos e desejamos sucesso na competição”, complementa o secretário. Com tantas premiações, Marcos Paulo Huber, técnico de atletismo, explica que os resultados individuais alcançados pela atleta motivam toda equipe a evoluir. “Os colegas de treino vejam ela como espelho, não como concorrente, e sim alguém para seguir nos treinamentos”, completa.

 

 

Segundo o treinador, baseado em artigos científicos, Karol está vivendo uma fase progressiva que deve ser lenta, porém grande, para daqui um tempo ela viver o auge o da carreira. Dos 13 aos 18 anos praticando atletismo, a corredora treina com o professor Huber. Durante os cinco anos, o relacionamento entre a atleta e o técnico foi evoluindo, criando mais proximidade um com o outro. “Ele é como um pai que apoia, na minha vida pessoal, nos treinos, sempre conversamos”. Ao imaginar o potencial que o futuro a reserva, se hoje a jovem tivesse que escolher entre a graduação e os treinos, não restam dúvidas. “Quero pegar meu título mundial, conquistar uma vaga nas Olimpíadas. Confio no processo do Huber e na minha capacidade”, finaliza.